domingo, 21 de setembro de 2008

Duas gotas de prazer temporário


A televisão já me irrita. Pode ser o mais cultural possível, não é a programação. É só a televisão. Eles cantam rap agora, em outro canal cantam os pobres, nobres políticos.
Enquanto alguns dormem, outros acordam. Para uns o dia começa, para os outros está na hora de descansar, tão válida recompensa. Hoje trabalhei, sorri, gargalhei, de verdade. Nem parecem mais os mesmos dias que antes, é impressionante como podemos dar ordem às coisas mesmo descontroladas. Eu disse ordem e não controle. Mas nem quero falar sobre isso agora, afinal já sei que tudo é descontrole e ai de quem tentar me provar o contrário. Só posso direcionar meus caminhos e tentar transforma-los em caminhos mais seguros. Tento doar toda bondade do mundo que habita dentro de mim, mas enquanto isso a carrego pela vida, e a guardo para mim mesmo. Já mudei de canal quatro vezes. E nada ainda me prende. É bom. Enquanto isso escrevo, até me fixar em algo sem conteúdo e chegar no dia de amanhã. É a maldita televisão.

-x-

O doce na boca não é tão doce assim. Toco o céu da boca coma língua e me sinto Ícaro tentando chegar o mais alto possível, sem poder chegar. Em um piscar de olhos tudo volta ao normal e me encontro lá, com a cabeça no céu, da boca. Tocando o chão, sujo. Pois já não há mais a vontade de limpá-lo como antes, afinal agora só eu o vejo e não faz mais sentido arrumar o quarto como antes, o preparando para sua chegada. Não sei nem se vale a pena exercer o narcisismo, pois não era para mim, muito menos para meu espelho. Velho espelho, quebrado com um golpe de fúria. Seria esse o motivo da onda de azar? Era por ela, que chegava de mansinho, subindo as escadas chegando ao céu, onde tantas vezes tentei chegar. A mesma escada que tento subir todo momento, mas não tenho os mesmos apoios, sou só eu e eu mesmo lutando para subir degrau por degrau. Acordo vendo coisas, nada demais. Apenas lembranças gustativas. O gosto não é doce, é amargo. Jogo pra fora a tentativa de me fazer diferente. Eu me basto, sou a melhor fuga para mim mesmo. Escrevo, por não ter coragem de dizer. Que isso tudo é por causa dela.

Um comentário:

Unknown disse...

tá no caminho certo!
o sabor com o tempo volta, só que o tempo é imfiel,quando precisa dele ele não vem, quando vem não é tão desejado assim!
Paz!