sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Fluindo.

PhL. diz:
escrevi um texto
PhL. diz:
quer ler?
PhL. diz:
meio sem sentido nem nada
PhL. diz:
mas é meu


-x-


Sinto o cheiro do arroz queimando na panela. Isso me lembra o fato. Mas não me recordo de ter deixado o arroz queimando na panela. Levanto com pressa, correndo. Desço as escadas, tropeço, caminho à cozinha. Não estava tão queimado assim. E o arroz nem é para mim - penso.
Sentir o cheiro ou não do arroz queimando, é como eu a senti pela primeira vez. Um arroz sem tempero, sem alho, sem sal, sem cebola. Mas de vagar vou esquecendo, mas o cheiro de arroz queimado continua. É confuso, mas explico. O fato dela ter ido embora assim do nada, me deixa mais indignado, como posso ter deixado o arroz queimar? Que ele ficaria sem sal, normal. Que ele ficaria papado, ótimo. Mas o fato dele ter queimado, me deixa sem graça.
Mas não estou aqui para falar de arroz, nem de culinária. Ora bolas, para quê estou aqui? Para nada. Soltar palavras, soltar meus dedos sobre as teclas, escrevendo coisas sem sentido mesmo. Como a chuva caindo sobre o telhado, são meus dedos sobre essas teclas.

A felicidade

Mesmo doente, humanamente doente. Consigo sonhar algo melhor, dias melhores. Não são sonhos realizados. São apenas dias melhores. Dia após dia, hoje posso chorar, pensar, não conseguir dar um sorriso nem mesmo aquele, com o canto da boca, sem mostrar os dentes. Não mostro os dentes, mas os olhos denunciam. Não estou feliz. Um calmante, me promete a calma. Mas a calma não vem. O que vem é um tombo! Caído na cama, na cadeira, no chão. Isso não me traz calma. Um café me promete muito mais. Mas não consigo, não me traz nada mais do que o gosto amargo de café na boca. O que me faz bem sou eu mesmo, tentando controlar, descontroladamente a minha mente.

Cotidiano

Sirenes, escadas rolantes, tudo tão normal. Esbarro, desculpo e sigo em frente. Isso me faz bem. Paro em uma, outra banca de jornal. Leio a mesma notícia. O futebol me chama mais atenção do que as manchetes sobre a crise econômica mundial. Não tenho nada a ver com isso. O estômago ronca, as mãos tremem, a fome incomoda. É, as mãos tremem. Sigo ouvindo minha música, andando no compasso para não perder a sorte ou qual seja a intenção disso. Um pão de queijo, vazio, me arrependo. Prefiro uma coxinha, com catupiry? creme? requeijão? Não me importa. Mas deveria comer algo melhor, um sanduíche natural quem sabe? Mas nada bem acompanhado de um refrigerante. Amarela os dentes, faz mal para o estômago. Em pé, trabalho. Bom dia, boa tarde e boa noite. Me perco nas palavras, penso só em voltar para casa. Caminho, observo a noite, Avenida Paulista. Chego ao ponto, não o final, só o ponto de ônibus. Espero, reparo em pessoas, carros, mudanças, gestos, nuances, sorrisos, histórias e o ônibus chega. Caminho igual, todos os dias. Aquele poste, aquela loja... Aquela esquina... Enfim a sala, aquela cadeira? O primeiro beijo. Nessa cozinha? A reconciliação. Não faça mais isso, implorei. Esqueça disso diz ela. Uma semana depois nem sinal. E quer saber? Nem ligo mais pra ela. Deixo-a partir, posso me arrepender. Mas é melhor assim. É hora de sair daqui mesmo. Quem sabe dois quarteirões acima? Vida nova, sonhos novos. Mas no final, um novo cotidiano.

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