sábado, 13 de dezembro de 2008

À meia-noite

Desde pequena era acusada de ser peluda. É, peluda. Desde os 5 anos de idade já possuía mais pelos no braço do que um rapaz de 16 anos poderia sonhar. E assim sempre era chamada, a peluda. Ela já nem ligava mais para as provocações, mas isso a machucava, não gostava de ser olhada daquela maneira quando ia à padaria, os clientes diziam a seus pais "tire esta criança daqui, que está a me dar nojo", e seus pais, sempre traumatizados procuravam algum meio de melhorar isso. Já perto de fazer 15 anos, ela fez um pedido aos pais, queria no dia de seu aniversário de 15 anos aparecer linda e sem pêlos por todo o corpo. Seus pais então lhe concederam esse pedido, uma semana antes a levaram para uma clínica especializada no assunto, onde até os médicos ficaram preocupados, abismados com a situação da garota. Já tinham visto algo parecido, mas igual, nunca. Enfim conseguiram deixar a garota com a pele em boa aparência sem pêlos, podia até se ver agora que o tom de sua pele era mais claro do que o imaginado.

A festa

Quando apareceu em sua festa, era lindo o vestido branco, os garotos que antes a zombavam estava até assim, meio sem graça. A devoravam com os olhos, perceberam até o seu decote, que mesmo com 15 anos já era de respeito. A festa acompanhava seu destino comum, o final. As músicas, os amigos, a família. O som era o brindar dos copos, a família brindava de meia em meia-hora, brindando a vitória, de transformar aquele dia em um dia especial para a filha. Tudo seguia em ordem, para a meia-noite estava marcada a valsa. Ninguém percebia mas durante a festa seu corpo estava sendo novamente coberto por pêlos. No primeiro acorde de sua valsa a peluda deu um grito de dor, caindo ao chão e sua boca sengrava. Havia em meio aos seus dentes um dedo. É, um dedo, ora bolas! Peluda estava devorando um dedo, como se devoravasse uma asa de frango. E quando levantou os olhos podiam vê-los vermelhos e seus dentes afiados, algo parecido realmente com um lobisomem, ou "lobislher". Desde então nunca mais ninguém entrou naquele buffet abandonado na Av. Joaquim Almeida, 66. Dizem que é mal assombrado pelas almas de todos os convidados daquela festa de 15 anos que foram devorados por um animal peludo qualquer.

Um comentário:

Desafinada disse...

Muito bom o texto Phil, realmente você é muito criativo!
Continue assim!
Beijos
*Lys*